11 de junho de 2011

Estudo Europeu analisa hábitos de pais e filhos no uso da internet (dicas de uso seguro)


Matéria publicada no site do Projeto EU Kids Online www.eukidsonline.net


A disponibilidade da Internet facilitou muito as nossas vidas e revolucionou os nossos hábitos, mas quando falamos de crianças e Internet, pensamos sempre primeiro em perigos e riscos. Foram apresentados recentemente em Luxemburgo os resultados do projeto EU Kids Online, um relatório que analisa alguns dos riscos fundamentais na Internet e que engloba Portugal.
O inquérito investigou alguns riscos online fundamentais: pornografia, bullying, receber mensagens de caráter sexual, contatos com pessoas desconhecidas, encontros com pessoas que se conheceu pela internet, conteúdos potencialmente nocivos criados por utilizadores e abuso de dados pessoais. O relatório começa por referir que o uso da internet está totalmente integrado na vida quotidiana das crianças: 93% dos utilizadores dos 9 aos 16 anos acessam pelo menos uma vez por semana (60% usam todos os dias ou quase todos os dias). Outra importante conclusão é a de que as crianças começam a usar a internet cada vez mais novas.
A internet é mais usada em casa (87%), seguindo-se a escola (63%). Mas o acesso à internet está a diversificar – 49% usam-na no seu quarto e 33% através de dispositivo móvel. O acesso por dispositivos móveis ultrapassa um em cinco casos na Noruega, Reino Unido, Irlanda e Suécia.
As crianças têm muitas atividades online, potencialmente benéficas: as crianças dos 9 aos 16 anos usam a internet para o trabalho escolar (85%); jogam (83%); vêem clips de vídeo (76%); e trocam mensagens instantâneas (62%). São menos as que publicam imagens (39%) ou que partilham mensagens (31%), as que usam uma webcam (31%), sites de partilha de ficheiros (16%) ou blogues (11%). 59% das crianças dos 9 aos 16 anos têm um perfil numa rede social – incluindo 26% com 9 ou 10 anos, 49% dos que têm 11 ou 12 anos, 73% dos de 13 ou 14 anos e 82% dos 15 ou 16 anos.

Riscos e danos
12% das crianças européias dos 9 aos 16 anos dizem que já se sentiram incomodadas ou perturbadas por alguma coisa na internet. Isto inclui 9% das crianças com 9 ou 10 anos. No entanto, a maioria das crianças não referiu ter ficado incomodada ou perturbada no seu uso do online.
Os riscos não são necessariamente experienciados pelas crianças como desconfortáveis ou nocivos. Por exemplo, uma em cada oito crianças respondeu já ter visto ou recebido imagens de caráter sexual online, mas isso só constituiu uma experiência nociva para algumas. Pelo contrário, ser alvo de bullying online através de mensagens desagradáveis ou prejudiciais é um risco bastante mais raro, vivido por uma em cada 20 crianças, mas o risco que as parece incomodar mais.
14% das crianças dos 9 aos 16 anos viram nos últimos 12 meses imagens online que eram "obviamente sexuais – por exemplo, mostrando pessoas nuas ou tendo relações sexuais". 15% dos jovens de 11 a 16 anos receberam de amigos "mensagens ou imagens de caráter sexual ... [ou seja] falar sobre ter sexo ou imagens de pessoas nuas ou a mantendo relações sexuais", e 3% diz ter enviado ou colocado online conteúdos desse tipo.

Conhecer offline pessoas conhecidas online
A atividade de risco online mais comum declarada pelas crianças é comunicar com novas pessoas que não conhecem cara-a-cara. 30% das crianças européias dos 9 a 16 anos que usam a internet já se comunicaram com alguém que não conheciam cara-a-cara, uma atividade que pode ser arriscada, mas que também pode ser divertida. É muito mais raro que as crianças se encontrem offline com pessoas que conheceram online. 9% das crianças encontraram-se offline com pessoas que conheceram online no último ano. 1% de todas as crianças (ou seja, uma em nove das que foram a um desses encontros) ficou incomodada com o encontro.
Comparando os países, a exposição a um ou mais riscos inclui cerca de seis em dez crianças na Estónia, Lituânia, Noruega, República Checa e Suécia. Encontrou-se uma menor incidência de risco na Turquia, em Portugal e na Itália.
As crianças têm mais probabilidade de dizer que foram incomodadas ou perturbadas por alguma coisa da internet na Dinamarca (28%), Estónia (25%), Noruega e Suécia (23%) e Roménia (21%); têm menor probabilidade de dizer o mesmo na Itália (6%), em Portugal (7%) e na Alemanha (8%).

Conhecimento dos pais
"Segundo as crianças, um em cada oito pais (13%) parece não fazer nenhuma das formas de mediação que lhe foram perguntadas..."
Os pais de crianças que já viveram um dos riscos apontados não se apercebem frequentemente disso: 40% dos pais cujos filhos já viram imagens sexuais online afirmam que eles não as viram; 56% dos pais cujos filhos receberam mensagens desagradáveis ou prejudiciais online respondem que eles não as receberam; 52% dos pais de crianças que receberam mensagens sexuais declaram que elas não as receberam; 61% dos pais cujas crianças se encontraram offline com um contacto online desconhecem esse fato.
A maioria dos pais declara falar com os filhos sobre o que estes fazem na internet (70%) e ficar por perto quando a criança está a utilizar a internet (58%). Mas, segundo as crianças, um em cada oito pais (13%) parece não fazer nenhuma das formas de mediação que lhe foram perguntadas.
O uso de ferramentas técnicas de segurança é relativamente baixo: pouco mais de um quarto dos pais bloqueia ou filtra sites (28%) e/ou monitoriza os sites visitados pelo seu filho (24%).
44% das crianças declaram ter recebido alguma orientação sobre uso seguro da internet dos seus amigos, e 35% diz que também deu conselhos a amigos. Comparando os países sobre fontes de conselhos de segurança online, parece que a maior parte do aconselhamento é recebida dos pais (63%), depois dos professores (58%) e depois dos pares (44%).

A Solução européia
Hoje, famílias, escolas e comunidades podem usar as mesmas tecnologias usadas por crianças e jovens, para o seu benefício e do deles. Para descobrir, educar e desenvolver o melhor "software" que as crianças e os adolescentes têm para se protegerem de tais perigos, riscos e ameaças é a sensibilização para a sua segurança online. As suas cabecinhas!
O Projeto MiudosSegurosNa.Net fornece informação e aplica metodologias, estratégias e ferramentas que contribuirão decisivamente para garantir que, através de uma utilização segura e responsável, as crianças e os jovens minimizam os riscos a que estão expostos para tirar o máximo proveito da internet e de outras tecnologias online.
Promovendo o desenvolvimento da sensibilização para a segurança online das suas crianças e jovens, o Projeto MiudosSegurosNa.Net ajuda famílias, escolas e comunidades a garantir que as crianças evitam os perigos, riscos e ameaças à sua segurança na Internet.

O que fazer em 5 Passos
Como pode começar, hoje, a proteger as crianças e os jovens no uso da internet? Para começarem a promover a segurança online de crianças e jovens, permitindo-lhes tirar o máximo partido da Internet e de outras tecnologias que potenciam o seu desenvolvimento e educação, as famílias, as escolas e as comunidades têm de seguir um processo em cinco passos que já demonstrou que funciona:
1 - Assuma o seu papel e responsabilidades específicas, envolvendo-se no assunto e tomando o controlo ativo sobre a situação.
2 - Aprofunde o seu conhecimento sobre os riscos associados à utilização da internet e de outras tecnologias por crianças e jovens.
3 - Dialogue com os seus filhos, educando-os sobre os benefícios e sobre os riscos a que podem estar expostos online. Descubra, eduque e desenvolva a sensibilização para a segurança online das crianças e dos jovens sob a sua responsabilidade.
4 - Envolva a sua comunidade. A segurança online de crianças e jovens começa em casa, mas também implica a participação do meio envolvente. Afinal, são inúmeros os locais a partir dos quais crianças e jovens podem aceder à Internet (casa, escola, lan house e casa de amigos).
5 - Faça disto um esforço contínuo. A segurança é um processo dinâmico. Para se estar seguro, tem de se estar sempre preparado para as eventualidades.

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